Nas escolas não é diferente. Há os problemas
relacionados à ética quanto ao uso de telefones celulares que, para
princípio de conversa, deve começar com os profissionais que atuam nas
escolas. Diretores, coordenadores, orientadores, funcionários em geral
e, principalmente os professores, devem desligar seus aparelhos quando
estiverem trabalhando ou, caso seja muito necessário e acordado com os
demais colegas, manter em modo de vibração (silencioso) para que as
mensagens e ligações fiquem em arquivo e depois possam ser respondidas.
Em sala de aula, especificamente, o toque de um
celular, ainda mais com a variedade de músicas e demais estilos (muitos
deles cômicos) pode atrapalhar consideravelmente o andamento das ações
previstas pelo professor. Portanto, o exemplo começa com ele e, depois,
deve ser combinado com os alunos, seguido das devidas explicações, ou
seja, dos motivos que levam a escola (sim, a instituição e não apenas o
indivíduo, o profissional) a pedir aos alunos que deixem seus
celulares desativados durante o dia de atividades educacionais. Isto, certamente, inclui a questão do envio de
torpedos com mensagens de texto. Esta prática, ainda que silenciosa,
tira o foco dos alunos e pode, em muitos momentos, ser utilizada para
fins indevidos, como passar respostas em provas ou testes...
Na hora do intervalo, na mudança de professores
(período entre uma aula e outra), daí sim é possível que alunos e
professores examinem seus celulares para verificar se há mensagens
importantes ou telefonemas de retorno necessário. Ainda assim, cabe
lembrar que isto não deve se tornar uma “neurose”, ou seja, não devemos
nos tornar escravos do aparelho e dos serviços, tendo que a toda hora
conferir as mensagens (como já foi detectado, por exemplo, com as
pessoas que trabalham muitas horas por dia diante do computador e que
se sentem compelidas a ver e-mails, atender comunicadores instantâneos,
responder mensagens no Twitter...).
No caso das salas de aula, por outro lado,
diferentemente do que se pensa, os celulares não precisam ser vistos
apenas como problemas ou dificuldades. Além de canais de comunicação
com as famílias e os amigos, ou mesmo entre a escola e os alunos, estes
aparelhos podem ainda se tornar elementos de aprendizagem, incluídos
em projetos educacionais.
As peculiaridades destes equipamentos, cada vez mais
equipados, contando com recursos como câmeras (que fotografam e filmam
com boa qualidade de som e imagem), gravadores de áudio, calendários,
comunicadores instantâneos (envio de torpedos), calculadoras e tantos
outras ferramentas – possibilitam a criação de projetos e ações
pedagógicas que não podem e nem devem ser desprezadas. Entrevistas, criação de banco de imagens, gravação
de minidocumentários, elemento de comunicação entre alunos e dos
estudantes com os professores, envio de mensagens sobre dúvidas e
avaliações, utilização de agendas dos celulares para organização da
vida escolar... São algumas das possibilidades de trabalho com o
celular em sala de aula. Há inúmeras outras que podem ser pensadas e
criadas pelos professores, se transformando em projetos que, com
certeza, serão bastante atraentes aos olhos dos alunos!
Neste sentido, chegamos à conclusão de que, ao mesmo
tempo em que o celular deve sofrer algumas restrições de uso nas
escolas, tanto para permitir um melhor andamento das ações pedagógicas
quanto para “desligar” um pouco os alunos do ritmo frenético em que
vivemos, é possível tornar este equipamento, tão popular e acessível,
igualmente num elemento de trabalho educacional com a criação de
projetos que o incluam como ferramenta de pesquisa e produção. Então,
que assim seja!
João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação
pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e
Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte –
Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva). Mais detalhes em: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1621; acessado em 07.11.2011 às 09:07 hs.
Um comentário:
Oi Rangel, quem sabe esta matéria abra os olhos de muitos educadores que ainda não veêm muita positividade utilizando mais este recurso?!?!? Vale a pena conhecer!!! Cheiros,
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