sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Leitores em Potencial

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
Curso Formação Continuada em Mídias na Educação II
Tutor: Antônio Rangel
Cursistas: Brigith Conceição Farias Montabord[1].
Turma: B Atividade 4 – Produção Individual

LEITORES EM POTENCIAL
“O homem me repugna. Começo a ter medo desse monstro. Olho com pavor para cada cara que vejo na rua. São monstros de estupidez e crueldade. Quero morrer. Quero ver-me em outro mundo, ou em outra condição. Já vivi muito neste circo romano e não suporto mais (...)
Acendo a lâmpada. Pego um livro.”
Monteiro Lobato [2]

A leitura tem um enorme potencial. Mais do que transmitir informações: ela é um instrumento capaz de formar vínculos, despertar afetos, construir relações. Através da leitura é possível sentir sensações, medos, angústias e tensões, traz em si a capacidade de integrar e reunir pessoas de épocas, classes e idades diferentes. Por todas essas características, e frente aos avanços tecnológicos e midiáticos, ainda assim o ato de ler continuará a ser fundamental, contribuindo para o desenvolvimento do potencial imaginativo, de encantamento e sonho, e principalmente estimulando a capacidade de um olhar crítico frente às situações de desencanto e problemas sociais.
A partir do século XV, a civilização ocidental busca constituir-se como uma cultura grafocêntrica, o texto escrito passa ocupar o centro da cena social e histórica, dando início a utopia do acesso incondicional à leitura. A civilização contemporânea se encontra de tal forma ligada à letra, que ler é – no presente momento – uma tarefa quase inevitável do indivíduo. Rodeados por textos – cartazes, slogans, logomarcas, orientações, informações, proibições, reflexões – é impossível qualquer ação na sociedade que não necessite da habilidade de decifrar códigos.
O leitor não se constrói por força de uma invenção, mas na experiência do aluno através de seus conhecimentos prévios partilhados que tem no meio que o envolve, a leitura como ato presente e necessário à vida, força propulsora que, ao se aliar à refinada necessidade de interferência do sujeito na rede social, permite sua formação como leitor e autor.
“Fazer-se leitor não se restringe (...) à responsabilidade individual, já que o processo de letramento implica práticas sociais – portanto coletivas. Impossível ser leitor onde não circulem textos, onde a leitura e a escrita não têm valor social.”[3]
Nesse sentido desde a década de 1980, observa-se, com maior ênfase, diferentes ações da sociedade civil e de órgãos governamentais para o estabelecimento de políticas públicas para a leitura no Brasil, visando dar suporte a projetos e ações que incentivem os alunos a leitura e a produção de diferentes gêneros textuais.
Dentre as ações governamentais implementadas em incentivo e benefício do processo de leitura é o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) programa do MEC para a distribuição de materiais ao Ensino Fundamental, seus objetivos básicos são a aquisição e a distribuição, universal e gratuita de livros didáticos para os alunos das escolas públicas do Ensino Fundamental Brasileiro, desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e pela Secretaria de Educação Fundamental (SEF), órgãos ligados ao Ministério da Educação.
O livro didático é uma das mídias impressas mais antiga e também uma das mais procuradas nas atividades escolares, está presente cotidianamente na sala de aula e constitui um dos elementos básicos da organização do trabalho docente, pois se bem escolhido e adequadamente utilizado no planejamento pedagógico, é um grande suporte no processo de construção do conhecimento, ressaltando que existem determinadas regiões onde ele é a única ferramenta de pesquisa que a escola disponibiliza para a comunidade escolar, é um rico material a ser explorado com os alunos, contribuindo para a formação de leitores em busca de uma educação de qualidade.
O grande desafio a ser enfrentado, principalmente no espaço escolar, é a necessidade dos professores participarem efetivamente desse processo de formação, ou seja, se não forem leitores tornem-se leitores/autores e suas ações de estímulo à leitura alcance todos os alunos, pois ao pegarmos um livro nem sempre nos damos conta da sua trajetória histórica, das condições materiais em que foi produzido e nem do que ele representa como conquista cultural do homem, Borges[4] comenta: “Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O livro não. O livro é uma extensão da memória e da imaginação.” Sendo que o livro é apenas um dos recursos de grandes oportunidades para o aprimoramento da leitura e escrita.
Portanto, fazer crer ao contingente de leitores potenciais em nosso país que a leitura é capaz de promover grandes avanços, ao capacitar as pessoas para o mercado de trabalho, para o exercício da cidadania, para encontrar saídas nos momentos críticos, por meio do levantamento de questões pertinentes ao próprio modo de vida – delas próprias e do mundo – contribuindo para reformulação de valores e propósitos, é um trabalho que deve ser desenvolvido desde cedo por todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem das crianças família, escola e comunidade em geral, por que através do contato com os diversos gêneros textuais e seus diferentes suportes de apresentação é possível uma ação integrada para uma aprendizagem significativa e transformadora, pois excluindo-se as condições sócio-históricas, família e escola são as mais relevantes dentre as variáveis a influir na decisão do sujeito quanto a se tornar um leitor e autor.
BIBLIOGRAFIA
& BATISTA, Antônio Augusto Gomes. Recomendações para uma política pública de livros didáticos. Brasília: MEC, 2001.
& BORGES, J.L. “O Livro”. In: Borges, J.L. Cinco Visões Pessoais. 2ª ed. Brasília: Ed.da UNB, 1987, p.05.
& BRASIL. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional. PROLER: concepções, diretrizes e ações. Programa Nacional de Incentivo à Leitura, 1998, p.17-8.
& BRASIL. Ministério da Educação e Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, 1998.
& LOBATO. José Bento Monteiro. Miscelânea. São Paulo: Brasiliense, 1946. p.169-71
& www.eproinfo.mec.gov.br
& www.novaescola.com.br
[1] O autor(a) é aluno(a) do Curso de Formação Continuada em Mídias na Educação – Ciclo Intermediário II – Ministrado pela UNIFAP.
[2] LOBATO. José Bento Monteiro. Miscelânea. São Paulo: Brasiliense, 1946. p.169-71
[3]BRASIL. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional. PROLER: concepções, diretrizes e ações. Programa Nacional de Incentivo à Leitura, 1998, p.17-8.
[4] BORGES, J.L. “O Livro”. In: Borges, J.L. Cinco Visões Pessoais. 2ª ed. Brasília: Ed.da UNB, 1987, p.05.

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